terça-feira, 2 de novembro de 2010

é bom que seja assim, Dionisio, que não venhas...




quando chegaste do reino do improvável, qual os antigos conquistadores, magnos e ardentes, me abraçaste, beijaste e disseste: vem comigo; eu fui.

desde então, o teu comportamento de eternidade criou aqui esta aura de permanência dos teus cantos e toques. na tua boca vi conter todo o reluz daquelas estrelas que nos sorriem e eu, simples adoradora rendida, larguei meu cetro do reino do desdém e passei a mendigar um pouco desse ar que o teu corpo produz, quando te ergues e passa, desmontando dúvidas, soerguendo ilusões em espirais que eu já não sonharia. eu fui contigo, de mãos dadas, abandonando pelo caminho a minha coleção de desencantos, segredos e promessas vencidas. Ariana, Ester, Aurélia Camargo todas as minhas faces a ti suplicantes.

teus sons e cheiros de feitiço perpétuo, tuas mãos onde depositei minhas galáxias de esperanças de renovação, teus ombros, teu corpo, tua sombra, vestígios do teu poder, o eco de tudo isso, agora, me grita através dessa casa onde já não estás, um palácio feito o pasto seco da caatinga, desolado, onde dormem meus versos desesperados totalmente inúteis, como os colares, vestidos e flores que vez ou outra ainda teimam em me ofertar, mas que desprezo. desses desencontros contínuos onde a vida insiste em nos moldar, dessas falhas nos rumos do que julgamos ser nosso, dessa grande tolice que é a emoção humana.

e fica essa mistura de ungüentos, lágrimas e cantos que jamais suporias, tantas outras de mim, espalhadas, sangrando, à tua espera.

Um comentário:

  1. Estava com saudade de te ler, Lua. Profundo, melancólico e lindo como só você pode ser!

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