sábado, 21 de fevereiro de 2009

07.02.08 [e também hoje].



ainda não acordei, mas já ouço as vozes sussurradas lá de fora: ela está quieta! estará doente? será que morreu?

continuo dormindo e espero sonhar novamente.

enquanto vivo sozinha e reclusa, construo um castelo invisível com as palavras colhidas de livros e de filmes tão estranhos quando o meu desejo de ser só. passeio entre a frança clássica de proust, o indecifrável de saramago e alguns retalhos de filosofia espalhados pelos trabalhos por escrever e por corrigir. encontrei definitivamente baudelaire. me prometi de sicca.

fora essas distrações inúteis, espero: um emprego, o retorno às aulas, um amor tranquilo que me dê um filho.

também quero uma inspiração para compor outras histórias. usar essa minha cabeça sonolenta para desembaraçar os múltiplos enredos que minha angústia [de existir] produz. e me trancar eternamente, sem disfarces, sem querências. apenas solta comigo, livre de todos, plena. aqui ou na suíça.

O MEU CORAÇÃO - este romantismo que me consome a alma também alimentou idéias [no sentido platônico] de amores e relacionamentos tão inalcansáveis quanto irreais. a dicotomia entre o meu idealismo e a minha descrença radical me levam a conflitos intensos. sou fiel a uma estética herdada que prima pela simetria, pela ordem, pelo bom. mas na vagueza destes conceitos me perco.

além disso, quando recobro os sentidos e me lembro de quem sou, simplesmente não quero nada, não espero nada, não creio em mim. se me dou é por acaso. porém, quando quero, é por inteiro.

optei pelo amor, mesmo não crendo nele. aposto no escuro. o que virá? arrisquei e só.

Um comentário:

  1. Brindemos! Uma taça de vinho para as contradições, antes de zarpar o navio para o continente furioso de nossas existências. Dançando uma valsa cômica, uma coreografia humana, um desenvolvimento incansavelmente único. Não colheremos, é bem certo, o fruto polpudo da certeza, a doce maçã da alegria imaculada. Todavia, podemos permanecer despertos e dimensionar os nossos lances na perspectiva de nossas finitude, de nosso enclausuramento em nossas próprias vidas. E sobretudo, e apesar de tudo, existe o imprevisivel e o acaso...esse deus de olhos flamejantes que visita com primicias apenas os inconstantes, os inacabados.

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