sábado, 21 de fevereiro de 2009

anterioridades



"Irmãos na Dor, os olhos rasos de água,
Chorai comigo a minha imensa mágoa,
Lendo o meu livro só de mágoas cheio!"




nada de grandes aventuras, construções mirabolantes, feitos incríveis. foi mesmo só a vida comum, seus aborrecimentos diários, essa mesmice.
e ela que quando menina sonhava ser rainha ornada com afinco pelo amor de súditos imateriais, agora via-se enlameada, azeda, triste e só como é mister a toda plebéia convencional.
comia o que sobrava. sua vida se manteve por conta de pequenas usurpações de dejetos e rejeitos. vestia-se do que lhe davam. mendigava também o amor daquele a que ousou esperar.
e ele não chegou jamais.
arrastou-se por tumultuadas vizinhanças. nunca teve seu próprio espaço. quis o mundo dos castelos, das festas, da boa comida e da música inebriante.
na névoa de sonhos ao redor da sua cabeça dispersa, ajuntava casais, celebrava conquistas, herdava amores infinitos e fiéis... por vezes dançava sozinha, pensando-se tomada por uma multidão agradecida.
era tola e vil. riam-se dela os simples de coração; apedrejaram-na os que seguiam a lei.

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