
quando chegaste do reino do improvável, qual os antigos conquistadores,
magnos e ardentes, me abraçaste, beijaste e disseste: vem comigo; eu fui.
desde então, o teu comportamento de eternidade criou aqui esta aura de permanência dos teus cantos e toques. na tua boca vi conter todo o reluz
daquelas estrelas que nos sorriem e eu, simples adoradora rendida, larguei meu cetro do reino do desdém e passei a mendigar um pouco desse ar que o teu corpo produz, quando te ergues e passa, desmontando dúvidas, soerguendo ilusões em espirais que eu já não sonharia. eu fui contigo, de mãos dadas, abandonando pelo caminho a minha coleção de desencantos, segredos e promessas vencidas.
Ariana,
Ester,
Aurélia Camargo todas as minhas faces a ti suplicantes.
teus sons e cheiros de feitiço perpétuo, tuas mãos onde depositei minhas galáxias de esperanças de renovação, teus ombros, teu corpo, tua sombra, vestígios do teu poder, o eco de tudo isso, agora, me grita através dessa casa onde já não estás, um palácio feito o pasto seco da caatinga, desolado, onde dormem meus versos desesperados totalmente inúteis, como os
colares, vestidos e flores que vez ou outra ainda teimam em me ofertar, mas que desprezo. desses desencontros contínuos onde a vida insiste em nos moldar, dessas falhas nos rumos do que julgamos ser nosso, dessa grande tolice que é a emoção humana.
e fica essa mistura de ungüentos, lágrimas e cantos que jamais suporias, tantas outras de mim, espalhadas, sangrando, à tua espera.